Sporting: «É na adversidade que Rui Borges é forte»

Falhada a contratação de Jota Silva pelo atraso de um minuto na inscrição do jogador do Nottingham na Liga dá-se uma adversidade para Rui Borges, que tinha pedido expressamente para contar com o jogador em questão. Um extremo de pé direito que joga na esquerda, sem que a profundidade seja o seu cartão de visita, característica que sobra no plantel leonino, sendo que o brasileiro Alisson Santos é o único com essa aptidão, mas, diga-se, ainda não está pronto para perfilar no onze do bicampeão nacional.
De resto. Rui Borges tem para essa posição Maxi Araújo, Ricardo Mangas, Nuno Santos, que ainda nunca jogou com Borges devido a lesão (ver caixa de cor) e Pedro Gonçalves, o único extremo a fletir para dentro, depois de ter iniciado a época, mas que acabou a descair para a esquerda, com Trincão a jogar no centro atrás do ponta de lança, tendo em linha de conta o sistema adotado por Rui Borges: 4x2x3x1.
Uma adversidade, já aqui sublinhada, que pode ser facilmente ultrapassada, essa é a convicção de André David, que treinou Rui Borges no Bragança, em 2014/2015, pelo qual alcançaram brioso 3.º lugar na fase de subida do Campeonato de Portugal, e conhece bem o técnico leonino.
«É na adversidade que Rui Borges é forte. É agregado, envolve tudo e todos à sua volta para focar naquilo que é importante. É alguém otimista e tem uma estabilidade emocional perante a adversidade que é fundamental para o sucesso dele. O trabalho que o mister Rui Borges desenvolveu na adversidade pode dar otimismo e crença aos adeptos que podem ser tricampeões», disse a A BOLA.
O agora coordenador técnico do Al-Ula FC, da Arábia Saudita, enumera aqueles que considera serem os principais desafios que Rui Borges terá pela frente nesta época: «Revalidar o título. É muito difícil revalidar porque as atenções vão estar redobradas e é uma tarefa árdua; jogar em quatro frentes, algo que carece de uma exigência e profundidade de plantel que penso que o Sporting não tem e substituir Gyokeres, cujos números que alcançou nas épocas em que esteve ao serviço do Sporting são difíceis de alcançar e ímpares na história do Sporting e do campeonato português, não só pelos números, mas aquilo que representava na equipa.»
Rui Borges já foi confrontado por várias vezes com algumas vozes críticas e respondeu sempre da mesma maneira: é imune. Defende com unhas e dentes as suas convicções e não desiste à primeira contrariedade. Prova disse é o facto de ter implementado o ‘seu’ sistema de jogo, 4x2x3x1, cortando definitivamente as amarras com a herança que recebeu de Ruben Amorim, treinador que devolveu o Sporting à glória com um 3x4x3.
«Continuo a acreditar que o Sporting tem o melhor onze, mas não tem um plantel com muita profundidade que se precisa para atacar várias frente. Nesse aspeto, Benfica e FC Porto têm mais profundidade nos seus plantéis. Além de o Sporting não ter conseguido contratar um extremo para o lado esquerdo, por outro lado, também vejo muita dificuldade nas substituições de Pedro Gonçalves, Trincão e Hjulmand, que têm um papel muito relevante naquilo que aportam à equipa», realçou André David.
A história do Sporting nas últimas épocas tem sido escrita a letras douradas. Ruben Amorim foi o treinador que devolveu o clube à glória e, após a sua saída para o Manchester United, foi Rui Borges quem assumiu as rédeas paracontinuar a conduzir os leões pelos trilhos dos triunfos.
O tricampeonato está na mira, feito pela última vez conquistada pelos verdes e bancos há longos 70 anos. A missão não será fácil, o caminho espinhoso, mas quem já trabalhou com Rui Borges conhece bem a sua resiliência e espírito agerrido.
«Acho que o Sporting tem condições para revalidar o título esta época. Os campeonatos não se ganham nem se perdem nos confrontos diretos com os rivais. Acredito que a época é dificil, longa, com muitas competições e, durante os períodos críticos, quem melhor passar por esses momentos vai ser campeão», vaticinou André David, coordenador técnico dos sauditas do Al-Ula FC.
Para já, tal como é apanágio de Rui Borges, o jogo mais importante é o próximo, neste caso diante do Famalicão, adversário da 5.ª jornada da Liga, que recebe o bicampeão nacional, no próximo sábado, dia 13, às 20h30.







